Sabemos que a nossa vida s3xual é marcada pelas expectativas e experiências às quais somos expostas. Se você é uma pessoa que nasceu com vulv4, já sabe que uma das principais expectativas sobre você é que se reconheça como mulher cisgênero e hétero (tem post por aqui sobre het3ross3xualidade compulsória e vou deixar nos stories).
Logo, não é raro que o marco inicial da sua vida s3xual seja dado como o dia em que teve a sua primeira relação com p3netração. 🤡 Vale lembrar nesse ponto que grande parte das pessoas com vulv4 sequer tem prazer com p3netração. Sim, penetração é super valorizada tanto para pessoas com pên1s como para pessoas com vulv4s. É supervalorizada por ser um traço determinante de relações het3rocisnormativas onde o homem, ser supremo e dono do falo, é o centro. Não teríamos direito sequer de sermos protagonistas do nosso pr4zer e de nossa história s3xual?
Quando ser p3netrada é o objetivo único do ato s3xual, deixamos tantas sensações e pr4zeres de fora. Restringir uma vulv4 e o seu cl1tóris – com cerca de 8 mil terminações nervosas cuja única função é oferecer pr3zer – a um falo é reduzir demais todas as potências dos corpos envolvidos. Restringir a s3xualidade apenas à p3lve também é uma falácia. O maior órgão do corpo humano é também altamente exc1tável, a pele. O órgão mais mobilizado e dificilmente enganado em uma relação é o cérebro. O protagonismo do pên1s, posto dessa forma, orienta nossas vidas e identidades ao nos impor um binarismo identitário sobre o que é ser m4sculino e f3minino, ao nos dizer como devemos tr4nsar e sentir pr4zer. É limitador e limitante das nossas potências.
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Por outro lado, valorizar o 0rgasmo (ou a busca por ele) é possibilitar inúmeras formas de descobrir como o seu, o nosso, corpo responde ao toque, a diferentes estímulos, temperaturas, texturas e afetos. É, acima de tudo, enaltecer o conhecimento sobre si sobre o seu corpo e suas possibilidades. Não acredito que precisamos enumerar marcos de triunfo dentro de nossa história s3xual particular, ela deveria ser fluida e continuada. Mas, para quem quer um dia para marcar no calendário como um dia feliz: que tal o dia do seu primeiro clímax?
